top of page
Buscar

Afinal, o que é upcycle?

Foto do escritor: Carolina Chaves Carolina Chaves
Na tentativa de explicar um dos conceitos-base da empresa, a emobilia reuniu em uma lauda e meia (quase) tudo o que você precisa saber sobre esse processo

Carolina Chaves


Vik Muniz tentou, em 2011, mostrar para milhões de telespectadores diferentes formas de lidar com resíduos através do documentário Lixo Extraordinário. O artista, que transformou materiais do maior aterro sanitário do Rio de Janeiro em fotografias e releituras de grandes obras, não foi o primeiro e nem o último a usar a sétima arte para denunciar a necessidade de repensar o direcionamento do lixo que produzimos.


A maneira de repensar o lixo demonstrada pelo artista plástico foi apenas um dos diversos conceitos defendidos nos dias atuais por aqueles que se preocupam com o futuro do planeta, mas hoje existem outras teorias, mais concretas e elaboradas, a respeito de produção, indústria e sustentabilidade. A emobília, desde o início, sentiu a necessidade de pensar “fora da caixa”, usando de um dos maiores conceitos defendidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) como base de seus princípios e valores: o upcycle ou superciclagem.



O termo upcycle foi desenvolvido em 1994 pelo empresário e ambientalista alemão Reine Pilz. Em uma entrevista, ele falou também do termo downcycling, alertando para o desperdício de materiais no mundo. Esse ideal foi então popularizado a partir de 2002, quando ocorreu a publicação do livro Cradle to Cradle: criar e reciclar ilimitadamente de William McDonough e Michael Braungart, que introduziu o conceito de Economia Circular.


Com a preocupação de manter os materiais no máximo valor através de diversos ciclos de uso, o upcycle é um processo que reaproveita os recursos disponíveis nos produtos, considerado como uma parte importante da Economia Circular. Ela engloba o desenho inteligente de produtos e materiais desde o início e a manutenção de qualidade de novos ciclos industriais, abrangendo o upcycling no meio desse processo. Ou seja, além de se preocupar em fazer com que os produtos sejam feitos pensando em uma possível separação para que sejam reaproveitados, a Economia Circular procura garantir uma alta qualidade do material mesmo após sua “primeira vida”.


Nesta nova dinâmica de produção, saem de cena os conceitos de compra, posse e descarte de um bem, dando lugar à contratação de um serviço que renove sua tecnologia pelo fornecedor. Com isso, as empresas projetam seus produtos para durar o máximo possível, enquanto eles são concebidos com facilidade máxima de desmontagem justamente para que sejam reutilizados indefinidamente.


Para que isso ocorra, esse conceito dividiu os possíveis materiais em “nutrientes técnicos” e “nutrientes biológicos”. Os primeiros são aqueles que abrangem produtos que foram projetados para retornar ao ciclo técnico sem contaminar a biosfera, sendo esse ciclo o metabolismo industrial onde teve origem, . Já os segundos são os materiais pensados para retornar ao ciclo biológico, que interagem com a biosfera de forma benéfica. Diante dessa divisão, as indústrias são capazes de modificar seu formato de produção, visando o meio ambiente.



A ideia de upcycle abrange um conceito chamado de “logística reversa”, que defende não só a reciclagem como a busca por soluções que vão reintroduzir os materiais coletados em produtos, o que envolve a necessidade de pensar em como recolher e remontar os mesmos. Uma boa notícia é que a sustentabilidade já se tornou realidade para grande parcela da indústria. De acordo com a CNI, cerca de 76,4% das empresas desenvolvem algum tipo de Economia Circular, podendo abranger o upcycle.


Upcycle e downcycle, qual a diferença?


Enquanto o upcycle se preocupa em manter a qualidade dos materiais envolvidos em seu processo, um novo conceito se formou para a ideia de reciclagem que não tem os mesmos princípios. O downcycle despreza a qualidade dos produtos que são reutilizados, podendo perder as propriedades técnicas originais.


Michael Braungart e William McDonough exemplificam no livro Cradle to Cradle: criar e reciclar ilimitadamente o que ocorre por trás do downcycle. “ O aço de alta qualidade usado em automóveis é reciclado por meio do downcycle. Ao ser derretido com outras partes do carro, como cobre dos cabos e revestimento de tinta e de plástico, esse aço de característica nobre perde qualidade, deixando de ter as propriedades necessárias para a construção de novos carros.”.


É importante entender que o downcylce teve o seu valor enquanto conceito, pois defendia o reaproveitamento de materiais. No entanto, após anos de evolução dos estudos sobre sustentabilidade, é possível perceber como ele vai de contrário à ideia de economia circular e upcycle, que busca justamente a valorização e aproveitamento dos materiais e suas propriedades.


Diante dessa discussão, torna-se necessário então, além da iniciativa própria e de empresas privadas, lutar por políticas públicas que enfatizem a importância da economia circular e do upcycle. Assim, a economia e indústria brasileira poderão chegar cada dia mais perto de um “tratado de paz com a natureza”.




48 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

1 Comment


Marcos Carneiro
Marcos Carneiro
Jun 09, 2023

excelente conteúdo. obrigado.

Marcos Carneiro.

Like
bottom of page